terça-feira, 25 de novembro de 2008

O trabalho na terceira idade

Quem pensa que terceira idade é sinônimo de inatividade está desatualizado

Antigamente a aposentadoria era uma condição desejada por todos os trabalhadores. Até hoje associamos a palavra “aposentado” à ociosidade e à imagem daqueles velhinhos de boné jogando damas na praça e alimentando os pombos. Atualmente, a concepção de aposentadoria está bem diferente, e ao invés de ser desejada, chega a ser temida por alguns. Afinal, como se adaptar a uma vida de ociosidade depois de anos de trabalho?

Para algumas poucas pessoas o fim da vida profissional não é problema. Alguns descobrem antes mesmo da aposentadoria, atividades que preenchem o tempo livre, como o artesanato, por exemplo. Mas para outros, acostumados à correria do dia-a-dia de uma empresa, a idéia de ficar parado assusta bastante. Por esse motivo, vários estabelecimentos oferecem vagas para pessoas idosas. E essas pessoas não buscam apenas complementação de renda, mas também o bem-estar de se sentir útil e ativo por mais tempo.

A velhice é um processo íntimo, natural e inevitável, onde ocorrem mudanças significativas de natureza física, psicológica e social. Essas alterações são encaradas de formas diferentes pelas pessoas, e aquelas que optam por se manter em atividade, evitam, na maioria das vezes, um quadro de depressão que é freqüente para quem se depara, de uma hora para outra, com um tempo livre que ela não teve durante toda a vida e ao qual não está habituada.

Segundo a psicóloga Valéria Medina diz que “são inúmeros os benefícios em qualquer atividade, como dirigir um carro, praticar esportes, fazer ioga, andar de bicicleta, pintar, cantar, dançar, viajar ou participar de clubes e serviços voluntários ou político. O idoso necessita estar em movimento nessa fase da vida, e o objetivo a ser perseguido é a quebra dos diversos mitos que nossa sociedade impõe ao idoso: improdutividade; ausência de compromisso na vida; deterioração da inteligência; falta de espaço profissional para o idoso; fim da vida sexual.”

Geralmente o empregado mais antigo é respeitado em seu ambiente de trabalho, e quando vem a aposentadoria, ele enfrenta o preconceito da sociedade pelo fato de ele ser um cidadão da terceira idade. Esse quadro muitas vezes leva a pessoa a se reciclar e se requalificar para voltar à ativa, e daí surge um profissional inovador e que interessa muito ao mercado de trabalho.

Moacyr Humberto, de 73 anos, que desempenha voluntariamente a função de Diretor Financeiro na Livraria Espírita ADLE, fala dos vários motivos que o levam a ainda estar em atividade. “Após 30 anos de trabalho eu busquei algo em que pudesse continuar sendo útil. Uma parada repentina no trabalho, que me levasse a ficar sem fazer nada, seria prejudicial ao meu organismo. Acho que toda pessoa que está próxima de se aposentar deveria buscar uma atividade de seu gosto, pois é um benefício para a saúde, sendo voluntário ou remunerado.”

Dalva de Oliveira Lopes é outro exemplo de que velhice não tem a ver com inatividade. Aos 80 anos, trabalha como voluntária em uma instituição cultural religiosa. Desde jovem trabalhando no Hospital Câncer, ao se aposentar, Dalva sentiu necessidade de continuar sendo útil, de ajudar as pessoas. “É uma grande realização(...)de ser útil, de dar valor à vida”, conta.

O desafio de vencer a inércia após a aposentadoria está sendo superado pela população de terceira idade, que vem ganhando cada vez mais espaço. A psicóloga Valéria dá a receita: “O medo do idoso em achar que não ‘serve’ mais, provoca baixa auto-estima e conseqüentemente a depressão”. Ela enfatiza ainda que a velhice não é problema, e sim uma questão de adaptação. “A velhice bem-sucedida requer um ajustamento às perdas sociais, gerando uma adaptação e um equilíbrio entre perdas e ganhos e produzindo naturalmente a criação de novos objetivos de vida”, completa.

Estudos científicos recentes comprovam que, com o passar do tempo, a inteligência não sofre qualquer tipo de perda, pois ela tem relação com fatores próprios, como a educação, o padrão de vida, a vitalidade física, mental e emocional. A saúde desses fatores depende muito de como a pessoa encara a vida e se prepara para a chegada da “melhor idade”.

Pouco a pouco as empresas estão percebendo que nem sempre é viável dispensar funcionários inteligentes, experientes e ainda com energia para contribuir muito no dia-a-dia profissional. As vagas para candidatos maduros têm aumentado gradativamente, sinal de que o preconceito está finalmente sendo vencido.

3 comentários:

Carol Vidal disse...

Eu acho que serei uma dessas velhinhas super ativas! hahaha
Não consigo me imaginar sem fazer nada.

Eu acho muito saudável e positivo continuar fazendo uma atividade mesmo depois da aposentadoria. Afinal, o ócio não é nada produtivo, nem social, nem psicologicamente, e muito menos faz bem à saúde corporal.

Excelente texto, Rose! Interessantíssimo!

Beijão!

Robson Ribeiro disse...

Eu quero produzir até morrer, pois não compartilho dessa ilusão de que devemos nos matar de trabalhar só pra sobreviver e ter uma aposentadoria tranquila. Tem de haver um sentido maior na vida da gente...
Bela matéria. Parabéns!

Anônimo disse...

Li seu comentário no meu blog. Você já leu meus textos em algum outro lugar? Outra coisa: Por favor, será que vc pode me ensinar a inserir abaixo de cada post, essas opções para os leitores selecionarem (engraçado; interessante, legal)? Obrigado e até...