quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Visual alternativo e o mercado de trabalho

Tatuagens, piercings e outros acessórios podem ser empecilhos na hora de arrumar um emprego

O conceito de estilo e moda mudou muito nos últimos anos. A sociedade já não marginaliza tanto pessoas com tatuagens, piercings e outros acessórios fora do comum. O que era antes uma característica de grupos marginais, revolucionários, hoje é moda entre jovens e adultos de todas as classes. Ou você tem estilo ou não tem. Essa é a tendência do século XXI. Mas embora essa liberdade de expressão corporal seja comum hoje em dia, há certos segmentos da sociedade que impõem certas restrições no que diz respeito à aparência. Um deles é o mercado de trabalho, que apesar de estar adequado à modernidade e valorizar mais o conteúdo do que a “embalagem” preza pelo bom senso.

Segundo especialistas de Recursos Humanos, uma boa aparência é fundamental em um processo seletivo. Aquela velha regra de que a primeira impressão é a que fica deve ser levada a sério por quem está à procura de emprego. O modo como se apresenta no vestir, no falar, pode causar uma impressão negativa imediata do candidato, antes mesmo que este possa revelar suas qualidades profissionais. Mas isso não é uma regra geral. O assistente de RH Anderson Tadeu afirma que importa muito mais o comportamento e as habilidades do candidato do que a vestimenta. “Vestir bem é importante, mas a capacidade de se expressar e mostrar as qualidades profissionais são muito mais importantes”, afirma. Anderson acredita que atualmente as empresas estão buscando muito mais especialidade, capacidade e criatividade. “Não adianta a pessoa estar impecável, se quando abre a boca, não apresenta qualidade nenhuma”, complementa. Na verdade, a flexibilidade com relação à aparência depende da cultura interna da empresa. Em ambientes mais conservadores, como o de uma multinacional, por exemplo, a avaliação quanto à aparência dos candidatos é rigorosa. Desse modo, discrição é a palavra chave para quem quer ingressar no mercado de trabalho sem abrir mão do seu estilo. No entanto, é preciso estar ciente de que, embora o preconceito seja coisa do passado, as empresas se baseiam em padrões, dos quais não há como escapar.

Por esses e outros fatores, as pessoas têm mais cuidado na hora de “enfeitar” o corpo, de modo que possam ser discretas na hora de buscar emprego, ou até mesmo mantê-lo, para os que já os tem. “A maioria das pessoas já vão conscientes de que em alguns casos, a tatuagem ainda pode ser um empecilho na hora de arrumar emprego, então geralmente procuram tatuagens que não apareçam quando usam camisa” explica o tatuador Felipe Berger, do Real Tattoo Estúdio. “E quando alguém pede uma tatuagem que apareça fora da camisa, sempre orientamos para pensar quanto à questão do emprego, pois ainda vivemos num país que infelizmente ainda discrimina pessoas tatuadas”, completa.

Embora trabalhe num ambiente alternativo que tem tudo a ver com seu estilo, Felipe acredita que ainda existe preconceito. “Sofri preconceito até dos professores da faculdade, pois falavam que eu não conseguiria arrumar emprego, e na época eu só tinha um piercing na sobrancelha, e nenhuma tatuagem visível”, conta o tatuador. No entanto, muitas empresas, principalmente as do ramo de telecomunicações e informática, já absorveram essas tendências do século XXI. O preconceito é bem comum na área da saúde, entre advogados e relações públicas, que trabalham diretamente com o público e precisam passar credibilidade.

O estilo alternativo não precisa ser uma barreira para a realização profissional. Os próprios empregadores admitem o fato de que vale muito mais a competência e o talento do que a aparência. No entanto, é necessário que haja um bom senso. E escolher também uma profissão que esteja de acordo com sua personalidade. A pessoa pode ter seu estilo próprio, moldar sua imagem do jeito que lhe agradar, mas precisa se adequar pelo menos ao seu ambiente de trabalho.

3 comentários:

Anônimo disse...

Na boa, ótimo texto... atualilíssimo.

Robson Ribeiro disse...

O preconceito com relação à aparência das pessoas está presente em toda a parte, e em algumas empresas isso chega a limitar a capacidade criativa de alguns fincionários, pois eles se sentem diminuídos e ficam extremamente preocupados com o seu modo de vestir e se comportar.
Bela abordagem! Parabéns!

Carol Vidal disse...

Eu acredito que a tendência seja que essa 'liberdade de expressão' corporal não seja impedimento para arrumar um emprego, num futuro próximo.

Eu sou da opinião que vale muito mais a competência que a aparência. Eu mesma tenho vontade de fazer uma tatuagem...

E uma vez uma amiga, que faz Direito, me contou que conheceu um advogado super bem conceituado e que tinha o braço todo tatuado. É só questão de costume e de deixar o preconceito de lado.

Belo texto!
Beijão!